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A residência se situa no município de São José do Vale do Rio Preto, um local distante dos grandes centros urbanos e carente de programação cultural. O principal mote do projeto é fomentar a produção cultural nesta área, essencialmente rural, e para tanto desenvolvemos um programa educativo através da arte.

 

De um lado, trabalhamos para a valorização de saberes locais, e registro de patrimônio imaterial.

 

Duas iniciativas notáveis neste sentido são as publicações dos livros “Morro trapoeraba” e “Herbário”. Morro trapoeraba é um romance escrito por um autor do município, cujo drama é contextualizado no cotidiano do agricultor famíliar e nas dificuldades que enfrenta devida à desvalorização do seu trabalho. O livro registra minuciosamente o modo de vida, o vocabulário e o meio ambiente da região.

O herbário é um projeto da artista paulista Simone Moraes, que constituiu, com o acompanhamento do biólogo Victo Keller, um herbário de plantas medicinais locais e registrou saberes tradicionais da região, indicando usos e receitas com estas plantas.

 

Outro pilar do nosso programa educativo é a organização de oficinas e atividades em duas escolas parceiras.

Na Escola Municipal rural Marquês de Salamanca, o projeto Herbário foi apresentado às crianças, que também ganharam prensas para secar plantas e realizaram ao longo do ano atividades artísticas com o material e a temática do herbário. Nesta escola também realizamos uma oficina de exploração sonora do território local, resultando numa obra sonora gravada pelas crianças, que utilizaram gravações de campo e o uso de microfones de contato e de Teremim. A obra foi editada pela artista peruana bolsista Belén Gómez de la Torre.

 

Na Escola Municipal João Limongi, realizamos oficinas como introdução à filosofia e produção de música eletrônica.

Outra parte importante desta parceria são as atividades realizadas na própria residência: estas incluem apresentação da casa histórica, atividades e brincadeiras para crianças ligadas à agroecologia e à valorização da agricultura familiar. Ao passo em que transmitimos conteúdos, sempre desenvolvemos a criatividade como ferramenta para a expressão e o entendimento. Deste modo, após atividades de campo, realizamos oficinas de fanzine e desenho, entre outros,

Nesta lógica de diálogo propositivo com o território, de um lado, existe esta parceria com as escolas e seus pedagogos, e de outro uma parceria com os dois principais agentes da cultura no município: o Centro de Cultura da Prefeitura de São José do Vale do Rio Preto e a Biblioteca Comunitária "Novos Horizontes" no bairro rural do Morro Grande. Entre outros, realizamos oficinas sonoras, exposição de marcenaria e um festival de música e arte sonora na praça matriz da cidade.

Quais são as perspectivas do nosso programa educativo, no contexto da pandemia? Devido ao isolamento social, estamos produzindo conteúdos audiovisuais, que servem de recurso para os professores da região. O nosso primeiro projeto é um média-metragem sobre a importância de se conhecer e valorizar o alimento local, produzido pela agricultura familiar. De outro lado, estamos planificando atividades que os alunos de nossas escolas parceiras possam desenvolver remotamente. A primeira, que estamos planificando, propõe um jogo através do qual os alunos fazem um reconhecimento auditivo da região, para gerar uma cartografia sonora. Trata-se de uma apropriação do território, sempre atentando para a valorização das cultura do campo, ao passo em que é também um meio de se desenvolver a expressão artística e a criatividade.

 

Acreditamos no potencial de sensibilização das artes, como poder transformador do cotidiano e como fortalecimento de identidades sociais e afetivas. O nosso trabalho é transdisciplinar, aliando a consciência ecológica à uma multiplicidade de práticas artísticas. Temos tido uma aceitação forte e crescente na comunidade local, e esperamos poder continuar realizando este trabalho. 

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